segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mídia


Faz tempo que não apareço por aqui... deixe-me retirar o pó que se instala nesse lugar!!! hehe

Bom, ando na correria danada, graças a Deus! Mas vim aqui para publicar uma Matéria do repórter Roger Marzochi sobre a Reteté Big Band.

Segunda-feira passada, 24 de Maio de 2010, estava eu tocando no Teatro da Vila com a Reteté Big Band e via que da metade do show em diante tinha um rapaz fotografando a banda com uma certa euforia. Achei engraçado, mas nem liguei muito. Após o show, eu colocando meu contrabaixo na capa, veio um cara falar comigo, era o Roger Marzochi, o mesmo da fotos, repórter da Agência Estado, perguntando o porquê o nome da big band ser "Reteté", pois ele tinha pesquisado na internet e segundo alguns pastores, tratava-se de um termo pejorativo. A curiosidade com o nome fez ele vir até ao Teatro da Vila nos assistir, pois ele recebe a programação do Movimento Elefantes. Eu o perguntei se ele era do meio cristão ou evangélico, e ele me respondera ser um espírita não praticante. Então eu expliquei a história todinha a ele, que estava com um gravador, e entendeu perfeitamente e fez essa matéria que vou postar logo abaixo, que está em vários sites da internet bombando! A foto lá do começo é do Roger também.

Deixo aqui meus agradecimentos e meus parabéns ao Roger por esse texto.


Abraços


Reteté Big Band leva ao palco a fé na música


ROGER MARZOCHI - Agência Estado

No meio do culto, os evangélicos entoam hinos e, de repente, alguns são tomados por um forte frenesi: dançam, pulam, fazem "aviãozinho", começam a falar em "línguas estranhas". Esse momento recebeu a gíria de "reteté" e, até entre os crentes, há a polêmica sobre o que provoca esse "transe". Para alguns, é o fogo do Espírito Santo que tomou conta da pessoa; para outros, é um momento "carnal" em que o fiel extravasa sua emoção. Já para a Reteté Big Band, esse é um momento de fé na música brasileira e no jazz.

"A música é uma religião. Aqui (no palco), a gente está louvando a Deus, mas não está na igreja", explica Thiago Alves, 25 anos, baixista e líder da big band que conta com um total de 16 músicos. "A música toca diretamente na alma, no coração. Não tem uma letra, mas notas musicais", diz, após apresentação no Teatro da Vila, na Vila Madalena, na última segunda-feira (24).

A banda faz parte do Movimento Elefantes, criado no início do ano passado com a ideia de formar público para a música instrumental e impulsionar a carreira de seus músicos. O movimento conta hoje com dez big bands e, em junho, lançará um disco de cada banda por mês. As influências desses músicos vão desde o jazz americano à música brasileira, com as composições do maestro Moacir Santos como um dos principais expoentes do movimento. E, claro, muitas composições próprias.

Origens

A Reteté ganhou esse nome, explica Alves, porque o primeiro contato com a música de 90% dos integrantes da banda se deu em igrejas evangélicas, principalmente na Assembleia de Deus. "A gente aprendeu a tocar música na igreja", lembra o líder da banda. Quando eles já estudavam música na então Universidade Livre de Música (ULM), agora Escola de Música do Estado de São Paulo - Tom Jobim (Emesp), o contrabaixista decidiu reunir os amigos para tocar no aniversário de um pastor muito querido.

"Reunimos um ''gato'' pingado para tocar no culto em comemoração ao aniversário do pastor Pedro Isaias, gente finíssima. E, em 2006, formamos a Reteté para tocar nas igrejas. Mas isso durou só um ano e meio, desistimos. Igreja é bom até certo ponto, depois, começa a te podar. Porque não vê a música como arte." Mas, algumas igrejas evangélicas, ainda aceitam a música da banda.

A banda já toca oito composições próprias e prova que, a música pode até ser um louvor à Deus, mas não precisa ser um hino. "Remember Pastel" (Relembrando o Pastel), por exemplo, nasceu após Alves comer um pastel do "All of Jazz", casa de jazz na Vila Olímpia. "Eu sempre como aquele pastel depois da apresentação, e fico lembrando dele a semana inteira. Dá uma azia danada (risos). Numa dessas noites com o estômago revirado, a música veio. Cantei a música no celular e, no dia seguinte, transcrevi e fiz um arranjo para big band." A música estará numa coletânea que será lançada também no próximo mês com as músicas de todas as bandas do Movimento Elefante.

Apesar dessa relação sagrada da criação musical, a banda não ganha ainda nada em suas apresentações. E, além disso, ainda corre o risco de pagar para trabalhar. No final do show da segunda-feira, enquanto os músicos guardavam os instrumentos, o rapaz da organização do teatro subiu esbaforido ao palco. "Um cara do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) veio aqui. Quer ver as partituras das músicas que vocês tocaram, para ver se as músicas são todas da banda", diz, entregando um documento ao líder Thiago Alves, que não frequenta mais o culto da igreja, mas mantém sua fé.

Se soubesse que, minutos antes, quatro trompetes, três trombones, cinco saxofones, uma tuba, uma guitarra, um contrabaixo acústico e uma bateria estavam em completo frenesi, falando outras línguas, o fiscal do Ecad entenderia porque algumas igrejas realmente merecem ser isentas de impostos.